domingo, 20 de maio de 2012

A Máquina

Hoje é dia de voltar à escrita.

Por música de fundo tenho "A Máquina" de Amor Electro...num caso como o meu com o meu amor para dar e vender, o que fazer?"É de pedir aos céus, a mim, a ti e a Deus, que eu quero é ser feliz".

Ensinaste-me tantas coisas desde pequenina.Sentaste-me no teu colo e leste a lição comigo, encorajaste os meus desenhos feitos ora com uma mão, ora com outra, leste as minhas histórias e disseste que eram muito boas. Trouxeste-me livros, falaste-me do mundo, disseste que o inglês era essencial e eu aprendi-o como ninguém. É claro que para isso tinha aqueles teus papelinhos amarelos para decorar o verbo To be. Viste ao meu lado todos os filmes da Disney quando qualquer outra teria achado "chato", sentaste-te comigo a brincar e sabes ainda o nome de quase todas as meninas (porque eu nunca lhes chamei bonecas). Deixaste-me chegar a casa toda suja e brincar na areia até tarde desde que os T.P.C estivessem feitos. Ensinaste-me a organizar o meu tempo para que tudo fosse possível.Proibiste-me de estudar às sextas-feiras e fechaste-me os livros quando já era demais. Aprendeste as minhas matérias dificeis, leste para mim, fizeste-me perguntas.Quando eu quis crescer inscreveste-me no Basket, quando eu quis dançar estiveste sempre na primeira fila.Deixaste-me ser estrela, ajudaste-me sempre a ser brilhante. Tiveste sempre tempo para mim, para me ouvir para me acalmar e os teus dias foram sempre tão cheios.
Ensinaste-me a ser bem educada, a tratar os professores como eu queria que os outros meninos te tratassem assim.Disseste-me para ser amiga do rico e do pobre, do gordo e do magro, do preto e do branco. Fiz tudo como disseste, não dei passos em falso. Descobri entretanto que a tua tarefa era ensinares-me a amar, a dar tudo e a ser feliz. Assim fiz.
Deixaste-me vestir o decote e a mini-saia, dançar até de manhã e viajar sozinha até ao fim do mundo. Ajudaste-me a escolher caminhos, cores, roupas, sapatos...mas como diz o outro só é pena não ter sido possivel "ensinar seus filhos a escolher seus amores".
E então hoje, depois de travadas tantas batalhas, percorridos tantos caminhos e dadas tantas cabeçadas olho para tudo o que me ensinaste e vejo que foi tanto, que trabalhaste todos os dias para me ver bem, feliz, grande, estrela... mas hoje, tristemente, hoje eu tenho uma má notícia para te dar... a máquina que tu cuidaste com tanto carinho,"parou, deixou de tocar". E agora o que é que eu posso fazer? Será que eu posso sentar-me outra vez no teu colo e pedir-te para me leres a lição?Será que eu posso vestir a mini-saia ainda mais curta e chegar a casa ainda mais de manhã? Ou será que eu devia fazer isso tudo de forma diferente?

domingo, 31 de janeiro de 2010

ORDINARY LIFE

" We held our books instead of hands . . ."

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

LUA


Chamava-se Lua. Percorria as folhas de todas as cores em bicos dos pés e achava-as fofas. Corria e saltava em cima das possas até molhar todos os bocadinhos dos seus pequenos pés. Sorria a cada respiração. Enchia-se do Sol a cada noite.


Nas pequenas mãos o lenço branco, cheio da ternura e da emoção, no olhar e nos lábios muito pintados, a paixão de quem move o corpo com o ténue múrmurio do vento.


Lua sentava-se perto do mar a escutar todos os pequenos sons e a fazer deles o bater do seu próprio coração. Adorava a água fria na sua pele branca, a areia espalhada pelo corpo, as estrelas no brilho do olhar. Esperava-o ali e ele chegava, todas as noites na mesma estrela. Trazia um bocadinho de pó brilhante, daquele que vem lá de longe, do céu, e colocava-o no cabelo dela. Tinha muitas cores e brilhava muito! Ela adorava! Lua tinha um bocadinho de céu na cabeça.


Depois do mar calmo do início da noite, tocavam-se as mãos e juntos dançavam ao ritmo das ondas. Os pés de Lua mal tocavam a areia agora fria, saltitavam, rodopiavam e os brilhantes do cabelo saiam em todas as direcções.


Quando o Sol nascia, a tal estrela voltava para o levar de volta lá para o sítio dos pozinhos brilhantes. Lua acenava com o lenço branco e corria pela praia, desta vez, sozinha. E então chegava perto das rochas, abria a tal portinha mágica e desaparecia até à noite seguinte.



"And in the midst of sailing ships we sink our lips into the ones we love that have to say goodbye . . . As I float along this ocean, I can feel you like an ocean that I hope will never live"

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Foramen Cecum


Faz tempo que o tempo da escrita se foi.


Mas hoje, quando o tempo é tempo de bater lá bem no fundo, cá estou eu, na mais pequena esperança de não me afogar no poço. . . Ainda assim, com algum medo de me afogar ainda mais.


Sem tempo, sem vontade, sem objectivo, sem esperança, sem alegria, sem aquele brilhozinho nos olhos . . . mas pelo menos, acordada, à espera que o tempo mude, que a maré se acalme, que o vento conduza ao porto de abrigo, que o sol aqueça e não queime, que a chuva lave mas não molhe . . . perdida no meio de tanta coisa e com tanta vontade de encontrar nessas coisas alguma coisa que valha a pena.


Outra vez a fúria das palavras que passam rápido como as horas em que vejo o tempo passar-me ao lado, em que a vida me escorre pelos dedos sem se perder nas veias lentas pelo cansaço . . . outra vez a fúria de querer mais . . . ao menos isso, ao menos querer.


Agora vou que a consciência a mais não deixa e o tempo passa, passa e nada avança. Tem que ser, custa, mas vou. E porquê? Para quê? Queria apenas saber . . .



" Que tristeza tão inútil essas mãos

Que nem sempre são flores que se dêem:

Abertas são apenas abandono,

Fechadas são pálpebras imensas,

Carregadas de sono "


( As Mãos, Eugénio de Andrade)





sexta-feira, 21 de agosto de 2009

GRAVITY


Something always brings me back to you.

It never takes too long.

No matter what I say or do,

I still feel you here 'till the moment I'm gone.

You hold me without touch.

You keep me without chains.

I never wanted anything so much

than to drown in your love

and not feel your rain.

Set me free, leave me be.

I don't want to fall another moment into your gravity.

Here I am and I stand so tall,

just the way I'm supposed to be.

But you're on to me and all over me.

You loved me 'cause I'm fragile.

When I thought that I was strong.

But you touch me for a little while

and all my fragile strength is gone.

Set me free, leave me be.

I don't want to fall another moment into your gravity.

Here I am and I stand so tall,

just the way I'm supposed to be.

But you're on to me and all over me.

I live here on my knees as I Try to make you see

that you're Everything I think I need here on the ground.

But you're neither friend nor foe

though I Can't seem to let you go.

The one thing that I still know is that you're keeping me down

You're keeping me down, yeah, yeah, yeah

You're onto me, onto me and all over

Something always brings me back to you

It never takes too long . . .

quarta-feira, 22 de julho de 2009

terça-feira, 7 de julho de 2009

INCOMPLETE


Esforçam-se os dedos por virar a pesada página. São muitas as letras escritas numa tinta viva e carregada. Em alguns sítios vêem-se os borrões esbatidos provocados pelas lágrimas que tornam a tal folha mais pesada ainda.

Por vezes perdem-se ainda os olhos em algumas frases soltas que parecem não fazer sentido. Algumas dessas vezes duram tempo demais e eis que se abre a porta do coração para guardar retalhos no livro dos recortes. Mas o coração dói . . .

. . . Virou-se a página e não há mais página nenhuma a seguir . . . acabou-se o livro . . . que outro remédio senão fechá-lo?? . . .

. . . Que se feche então e que guarde em si as histórias, histórias de uma vida ora triste, ora triste. . .


"If only LOVE could find us all . . ."